A Motorola Mobility ganhou um novo logotipo. A letra M continua com o mesmo desenho e dentro de um círculo. Mas o círculo agora tem traços coloridos e, abaixo dele, está o nome da empresa escrita com uma fonte minimalista e todas as letras em minúsculas. E ainda abaixo do nome está escrito, com uma fonte menor, a inscrição "a Google company".
E a compra da Motorola pela Google fez muito bem para nós, consumidores. Já fizemos vários reviews dos smartphones da Motorola neste site, mas o de hoje, com certeza é um marco para a nova Motorola e para o mercado consumidor também. O Moto X (XT1058) não é apenas mais um smartphone com Android e com truques de utilidades questionáveis.
Para começar, o Moto X usa quatro processadores. Dois são comuns a todos os smartphones: um para cálculos aritméticos e decisão de lógica e outro para processar gráficos. Os outros dois processadores extras são exclusivos para reconhecimento de voz e gestos. A esse sistema a Motorola deu o nome de X8 mobile system.
O Moto X usa como processador principal o Snapdragon S4 Pro (MSM8960T), com dois núcleos e 1,7 GHz de velocidade. A GPU (processamento gráfico) é uma Adreno 320. Ambas CPUs são desenvolvidas pela Qualcomm. A memória é de 2 GB e o armazenamento é de 16 GB. Não há slot para expansão. A tela de 4,7 polegadas usa tecnologia AMOLED com resolução de 720 x 1280 pontos com densidade de 312 pontos por polegada. Por fim, é compatível com rede 4G, tem NFC e vem com Android Jelly Beam (4.2.2), atualizável para a versão posterior, segundo a Motorola.
Apesar de não ser top-de-linha, é uma configuração de respeito, como veremos mais a frente no tópico Desempenho. A tela também tem ótima definição, brilho e contraste. O vidro que protege o display é o Gorilla, fabricado pela Corning, que resiste a arranhões e pequenos choques.
A Motorola não informou o modelo e nem a arquitetura dos dois processadores extras. Só disse não ser da arquitera ARM, usada na maioria dos smartphones com Android.
Mas a empresa disse que o que importa é a integração destes processadores com o S4 Pro, que formam um ecossistema mais preciso e inteligente do que se o Moto X trabalhasse com apenas um processador principal.
O processador de computação de gestos trabalha com os sensores, tela e a interação ao toque; e funciona no lugar do processador principal quando o Moto X está em modo de espera. Ele reconhece quando o smartphone é tirado do bolso ou quando está em movimento, inclusive mostrando o status atual e informações de notificações na tela, sem que o usuário precise tocar em nenhum botão físico. E como tem baixo consumo de energia e o processador principal é dispensado de ficar em alerta, a bateria acaba durando mais.
Já o processador de linguagem natural oferece o reconhecimento de fala, trata do cancelamento de ruídos externos para tornar o processo mais preciso e ágil. Ele também tem baixo consumo de energia e dispensa a CPU principal desta tarefa. Esta arquitetura de hardware pode vir a fazer dos próximos smartphones da Motorola? Bom, se funcionar bem como funcionou no Moto X, e com mais implementações, é bem provável que sim. Não deve ser à toa que a empresa já deu nome a esta arquitetura.
O Moto X é um smartphone sem tampa. Não chamo de monobloco porque é possível ver a divisão entre a tela e a parte de trás. No entanto a montagem é muito bem feita, com contornos suaves, encaixes que não deixam nenhuma imperfeição e isso torna o Moto X um smartphone muito bonito de se ver. Suas dimensões são de 12,9 centímetros de altura por 6,5 cm de largura. A espessura é um caso a parte no MotoX, pois a parte de trás é curva. Bem na metade do aparelho sua espessura é de 1 cm, mas nas bordas a espessura é de apenas 0,57 cm.
Este tipo de design deixa o smartphone bastante anatômico e o material da parte traseira é de resina emborrachada que ajuda muito a não escorregar da mão. Há apenas dois botões físicos que ficam localizados no lado direito e são os botões de liga / desliga e de controle de volume. Na parte de baixo está o conector USB e na parte de cima está o conector para fone de ouvido. A parte frontal é toda coberta pelo vidro Gorilla, o que lhe dá uma aparência muito sóbria.
O Moto X se diferencia de outros aparelhos com Android por seis funções, listadas a seguir.
Comando inteligente de voz - o Moto X não precisa ser acionado por botões e sim por voz. Basta dizer "Ok, Google Now" e, na sequência, informar a ordem ao sistema. Porém, no Brasil, há apenas 5 comandos em que ele obedece: previsão do tempo, fazer chamadas, verificar correio de voz, navegar para um local (GPS) e buscar qualquer coisa no google.
Um exemplo é dar a ordem "Ok, google now, navegar para a avenida paulista 1148". A partir daí ele abre o mapa, ativa a função navegação e começa a dar as instruções da rota. Nos testes, além de entender os destinos todas as vezes (fizemos 5 rotas), o sistema abriu o mapa e começou a dar instruções de direção em menos de 6 segundos. O mesmo aconteceu para realizar chamadas nas quais ele entendeu todas as vezes os nomes dos contatos ditados.
Tela inteligente - ao retirar o Moto X do bolso ou da mochila, a tela exibe as horas e qualquer notificação, seja de aplicativos ou mensagem comum de texto. E para ver uma prévia da notificação, basta manter o dedo na tela e arrastar para cima. Se não for urgente, basta arrastar o dedo de volta e a tela é desligada. Se quiser ver a mensagem, basta soltar o dedo quando tiver arrastado para cima. E isso consome pouca bateria, já que o processador principal não é ativado para executar esta função.
Câmera instantânea - mesmo com a tela desligada, basta balançar o pulso duas vezes para acionar a câmera. Uma chacoalhada razoavelmente forte e o telefone vibra para avisar que a câmera está pronta. E basta clicar em qualquer ponto da tela para fazer o foco e tirar a foto. E já adiantando um detalhe do recurso da câmera: se mantivermos o dedo na tela, a câmera vai tirando fotos infinitamente; a velocidade é cerca de 2 fotos por segundo. Um recurso interessante para não perder nenhum momento.
Motorola Connect - um bom recurso para os esquecidos. Caso o Moto X seja esquecido em casa, por exemplo, será possível ver as mensagens SMS e ligações perdidas em seu computador. É preciso usar o navegador Google Chrome e baixar a extensão Motorola Connect. Ela fica com um pequeno ícone no canto direito do navegador (como qualquer outra extensão) e ao clicar aparece uma janela com as chamadas recebidas e as mensagens. E ainda é possível enviar SMS para as pessoas a partir dessa janela. Testamos e funciona como o prometido.
Migração Motorola - facilita muito para passar todos os dados de um smartphone antigo (com Android) para o Moto X. É necessário baixar o app Migração Motorola para o aparelho antigo, abri-lo em ambos aparelhos e apenas mirar a câmera no QR-code que aparece no Moto X e pronto; fotos, vídeos, contatos e outras informações serão copiadas para o Moto X.
Motorola Assist - Por fim, este recurso usa os sensores e processador contextual. Há três funções neste recurso que são acionadas conforme as ações de quando se está dirigindo, quando se está em uma reunião e quando se está dormindo. Quando o modo dirigir é acionado, as mensagens de texto recebidas serão lidas e o Moto X também avisa quem está ligando.
Então uma mensagem de texto é enviada automaticamente à pessoa que ligou, com o texto padrão: estou dirigindo, ligo em breve. O mais interessante é que não é preciso se preocupar em desligar o recurso, pois, pela velocidade, o Moto X reconhece quando você está dirigindo. Ele faz isso por meio dos sensores e com a ajuda do GPS, que permite que o aplicativo faça o cálculo de velocidade pela monitoração do posicionamento.
Enfim, são recursos interessantes, mas pena que o recurso de voz seja um tanto limitado para a língua portuguesa. Em inglês, por exemplo, é possível configurar o alarme apenas com comando de voz e até mesmo a soneca pode ser ativada pela voz. O motivo disso é que o serviço (Google Now), depende do Google para que os comandos sejam entendidos em outras línguas. Um prazo para isso ser feito? Infelizmente a Google não se pronunciou a essa questão.
O Moto X teve um ótimo desempenho durante os testes. Apesar de não usar o processador mais veloz do mercado, os aplicativos pesados não tiveram problemas em ser executados. Os jogos são um boa prova de fogo, pois precisam processar gráficos, resolver cálculos de posicionamento de personagens e objetos e isso tudo de uma só vez. Real Racing 3, Beach Buggy Blitz, Dead Trigger, Shadowgun e Batmam, o cavaleiro das trevas renasce, são exemplos de jogos exigentes em que tivemos ótima experiência de uso, sem lags ou travamentos.
Também rodamos Benchmarks, que são aplicativos que mensuram a capacidade de processamento aritmético, gráfico e acesso a memória e armazenamento. O primeiro foi o Antutu Benchmark, que atingiu 21.103 pontos. Outro benchmark foi o quadrant, que chegou a 9.094 pontos. No 3Dmark, um aplicativo que testa ao extremo o processador gráfico, o Moto X chegou a 6.986 pontos no modo extreme e 10.647 pontos no modo unlimited. Este último mensura o desempenho geral (CPU, GPU, memória) e sem limites de taxa de atualização de tela.
Comparando com outros smartphones que testamos, podemos dizer que são pontuações altas, atingidas por smartphones top-de-linha. Compare estes números com outros smartphones que já testamos.
Por fim, ainda é possível espelhar o conteúdo do smartphone em uma TV que tenha a função DLNA (transmissão sem fio).
Outro ponto forte do Moto X. Não pela quantidade de megapixels da câmera, mas pela qualidade das fotos, vídeos, facilidade de configuração e edição. Para começar, a câmera pod ser ativada pelo movimento: ao fazer o movimento com o pulso de virar a mão para a esquerda e direita, a câmera é ativada.
E para tirar a foto basta tocar em qualquer parte da tela. Isto é interessante para não perder nenhum momento. E se o usuário manter o dedo na tela, a câmera continua tirando fotos, em uma velocidade média de cerca de 2 fotos por segundo.
Ao arrastar o dedo da borda esquerda da tela para o centro, aparecem as configurações. Não texto, são apenas ícones em formato de meio círculo, o qual você move para escolher as opções, como se fosse uma roda. Os ícones são intuitivos e exibem as opções HDR (para dar brilho e cores mais vivos), flash (automático, desligado, ligado), vídeo em movimento lento (25% da velocidade real) e modo panorama (180 graus).
Para ativar um item basta clicar no ícone e, quando há opções, como no caso do flash, elas aparecem ao lado, bem legíveis e fáceis de clicar. É notável que o software da câmera foi desenvolvido pensando no usuário (finalmente!) e não em "quilos" de opções de configuração em que nunca usamos.
E o importante é que as fotos tem qualidade, sem ruídos e com muita nitidez. Mesmo em ambientes com pouca luz as fotos saem boas, com alguns ruídos nas partes mais escuras, mas ainda aceitáveis. Ainda há a opção de edição, que permite aplicar vários filtros (como no Instagram) e também ajustes automáticos de exposição, que melhoram a qualidade das cores e brilho naquelas fotos mais escuras.
O legal da edição é a facilidade de acesso. Na foto original um ícone é exibido no canto esquerdo inferior e ao tocar nele, as opções aparecem em uma linha, já com uma miniatura da foto com o filtro aplicado. E ainda há recurso de cortar uma parte da foto e também para inserir bordas.
A qualidade do vídeo também é ótima, sem efeito geleia (partes da imagem que tremem quando em movimento) e com estabilização. A definição é de 1920 x 1080 pontos (full HD) tanto na câmera principal, quanto na dianteira. Enquanto filmamos é possível ir tirando fotos apenas tocando na tela. O modo slow motion é divertido, apesar dos movimentos não serem capturados com muita fluidez. O ideal é ter bastante iluminação para obter um bom resultado.
O Moto X utiliza uma bateria de 2.200 mAh de capacidade, que está dentro da média da maioria dos smartphones com este tamanho de tela. O fato é que ele segura a energiadurante o dia inteiro mesmo utilizando todos os recursos do aparelho.
Usamos nosso teste padrão: tiramos o aparelho da tomada às 8 horas da manhã. Tiramos dez fotos e um vídeo de cinco minutos. Em seguida usamos o GPS por 30 minutos (com acesso a web via 3G para carregar o mapa). Fizemos chamadas no total de 30 minutos. Navegamos na web durante três horas (acessamos sites, e-mails e redes sociais). Jogamos por 20 minutos. Mais 15 minutos foram usados para exibir as fotos e o vídeo feitos e 10 minutos de vídeo pelo Youtube.
Importante dizer que deixamos o brilho da tela no automático, o que era suficiente para visualizar tudo com conforto. E boa parte do dia, o aparelho ficou em stand by. E para economizar o máximo de energia possível, desligamos a sincronização automática das redes sociais, e-mail e a procura de redes Wi-Fi, itens que consomem boa parte da energia. O Bluetooth também não foi utilizado. Nestas condições restavam 31% de energia às sete e meia da noite.
Usando o Moto X moderamente a bateria pode chegar ao fim de um dia de trabalho com 50% de carga. Não está mal para um aparelho que monitora movimentos e detecta comandos de voz a qualquer momento.